Em Maranhão 66, podemos perceber dita ‘esfera da significação’ em alguns momentos em que imagem e som se contradizem ─ certamente respeitando os anseios do autor ─ e revelam um viés de intencionalidade. Por exemplo, em dado momento do filme, se ouve em alto e bom som a seguinte fala de Sarney: “O mandato que eu tenho de receber tem a marca da luta. Tem a chama da mais autêntica vontade popular. Da liberdade de escolher e preferir, da consciência das opções”. Ao mesmo tempo em que se escuta o trecho, também se pode ver a imagem de um povo inegavelmente abandonado pelo poder público. É possível enxergar o retrato de um povo não só privado da “liberdade de escolher” e de “preferir”, mas também condicionado à sua própria sorte.